terça-feira, 27 de agosto de 2013

Mitos da Gravidez

Como separar o que é verdade das lendas que cercam as gestações
Toda mãe sabe: engravidar é se tornar, mês após mês, uma barriga ambulante. Conforme ela cresce, todos só olham para ela, só falam dela, só perguntam sobre ela. "De quantos meses está?" "É menino ou menina?" "Já escolheu o nome?" Nes sa fase, curiosos de plantão se tornam especialistas, dão dicas contra enjoo, de enxoval, dieta, arriscam até sobre o sexo do bebê, parto e amamentação.

E a mãe, entre extasiada, suscetível e inexperiente, embarca em boa parte dos palpites e teorias, por mais absurdos e sem fundamento científico que sejam. Inspirado nessa fase tão peculiar da vida da mulher, o casal de ginecologistas e obstetras americanos Shawn Tassone e Kathryn Landherr escreveu o livro "Hands Off My Belly! The Pregnant Woman's Survival Guide to Myths, Mothers and Moods" (Tire a mão da minha barriga! Guia de sobrevivência da mulher grávida de mitos, mães e humores).

Com o objetivo de informar sobre questões relacionadas à gravidez e tranquilizar mães e pais de primeira viagem cheios de caraminholas na cabeça, o livro é dividido em seções temáticas, que abordam cada fase do acontecimento. "Acreditamos que ninguém está imune de ouvir ou dar importância a algum mito ou superstição relacionados a essa fase", disse Kathryn à ISTOÉ. "É um momento mágico da vida, que as mais diferentes culturas não se cansam de tentar entender."

CONCEPÇÃO:  
Quem está amamentando não engravida


SIM E NÃO. 
A amamentação é um método de controle de natalidade válido, desde que a mulher siga algumas regras básicas. São elas: o bebê deve ter menos de seis meses, sua alimentação deve ser exclusivamente de leite materno, ele precisa ser alimentado a cada quatro horas durante o dia e a cada seis horas durante a noite, a menstruação da mãe não pode ter voltado ao normal.
Lançada nos Estados Unidos, a obra é esclarecedora ao abordar mitos como, por exemplo, o da posição da barriga: alta e pontuda carregaria menino e ventre baixo e esparramado levaria uma menina (a explicação: anatomicamente, o que determina o formato de uma barriga é o tamanho do bebê, a altura, estrutura pélvica e posição do útero da mãe e o número de bebês). Mostra, também, que é perda de tempo acreditar que quem amamenta não deve comer feijão porque pode provocar gases no bebê. Afinal, aparelhos digestivos de mãe e filho são totalmente independentes.

COMPORTAMENTO:   
Variações de humor em grávidas são culpa dos hormônios

MITO. 
Em geral, os hormônios não são os únicos responsáveis pela alteração de humor das pessoas e isso não muda durante a gravidez. Questões biológicas, psicológicas e sociais de toda a sorte infl uenciam
Apesar de a maioria dos mitos ser inofensiva, acreditar em teses improcedentes nem sempre é uma boa estratégia. Há crenças que dificultam a vida de quem espera um filho. "Tem grávida que acha que não pode levantar o braço para cima da cabeça porque o cordão umbilical pode se enrolar no pescoço do bebê", diz Kathryn. "Imagine só: uma mulher passar nove meses com esse fantasma? Não é justo."

INFERTILIDADE:  
Cueca apertada contribui para a infertilidade masculina

É POSSÍVEL. A temperatura na região da roupa íntima pode afetar a qualidade e a quantidade de esperma produzido pelo homem. Não é à toa que os testículos dilatam no calor e se contraem no frio. Isso acontece para que a temperatura ideal seja mantida no local. Roupas apertadas difi cultam essa dilatação e isso pode ser prejudicial


Mitos e superstições têm origens diversas. Podem ser universais, específicos de uma família ou comuns a determinadas culturas. Entre os mais polêmicos está o que defende a ingestão da placenta, pela mãe da criança, após o parto. Há quem acredite que ela ajuda no processo de amamentação e na redução do risco de depressão pós-parto, mas não há estudos suficientes que garantam os seus benefícios. Segundo o ginecologista carioca Amaury Mendes Jr., no Brasil os mitos mais comuns estão relacionados ao sexo. Grávidas querem saber se é menino ou menina e se divertem com superstições que podem sugerir respostas, especialmente no período que antecede o ultrassom feito na 16ª semana, em que, em tese, já dá para enxergar o sexo. 

O futuro pai, por outro lado, se preocupa com a vida sexual do casal. "Costumo dizer que o homem sofre da síndrome da Virgem Maria", diz Mendes Jr. "Depois de engravidar a mulher, ele passa a vê-la como uma santa." Segundo o médico, boa parte dos homens acha que não pode fazer sexo com a mulher, pelo menos não como antes, porque vai machucar o bebê. Em "Hands Off", o assunto é discutido à exaustão. Mas, em resumo, o casal só deve evitar a penetração caso a mulher tenha histórico de trabalho de parto prematuro, complicação relacionada à posição da placenta e sangramento.

DIETA:  
Mãe que amamenta não pode comer comida apimentada porque o bebê fica com cólica.


MITO. 
Não há estudos que comprovem essa tese. Por outro lado, pesquisas mostram que o risco de cólicas em bebês aumenta em três situações: quando a mãe fuma durante ou depois da gravidez, quando o bebê toma leite de fórmula ou quando ele é recém-nascido. Cólica é indício de sistema digestivo imaturo e costuma cessar após seis semanas de vida.


Por que esses mitos insistem em se perpetuar em uma sociedade cada vez mais globalizada e informada? Talvez porque a tradição ainda seja muito forte e a informação, inacessível. "Todo mundo tem dúvidas nessa fase", diz Mendes Jr. "Pode ser a mais alta executiva, ela vai chegar ao consultório com uma lista de dúvidas escondida na bolsa." Segundo Amaury, cabe ao médico dar espaço para que esses questionamentos possam surgir. "Hoje, no Brasil, as consultas de convênios duram 15 minutos, o que dificulta uma cumplicidade maior." É algo para se pensar - e exigir.

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