Doenças
associadas ao uso dos derivados do tabaco
A presença de cerca de 4.720 substâncias presentes
na fumaça dos derivados do tabaco, faz com que o tabagismo seja responsável por
aproximadamente 50 doenças Muitos estudos desenvolvidos até o momento
evidenciam que o consumo de derivados do tabaco causa quase 50 doenças
diferentes.
Está comprovado que o tabagismo é responsável por:
• 200 mil mortes por ano no Brasil (23 pessoas por
hora);
• 25% das mortes causadas por doença coronariana -
angina e infarto do miocárdio;
• 45% das mortes por infarto agudo do miocárdio na
faixa etária abaixo de 65 anos;
• 85% das mortes causadas por bronquite crônica e
enfisema pulmonar (doença pulmonar obstrutiva crônica);
• 90% dos casos de câncer no pulmão (entre os 10%
restantes, 1/3 é de fumantes passivos);
• 25% das doenças vasculares (entre elas, derrame
cerebral).
• 30% das mortes decorrentes de outros tipos de
câncer (de boca, laringe, faringe, esôfago, estômago, pâncreas, fígado, rim,
bexiga, colo de útero, leucemia);
As mais recentes estimativas mundiais sobre câncer,
divulgadas pelo GLOBOCAN 2008 , apontam 12,7 milhões de casos novos e 7,6
milhões de óbitos por câncer no mundo. O tipo com maior mortalidade foi o
câncer de pulmão (1,3 milhão de mortes).
No Brasil, o câncer de pulmão é o tipo de tumor
mais letal e também uma das principais causas de morte no país. Nas estimativas
para o ano de 2010, válidas também para o ano de 2011, são esperados 28 mil
novos casos de câncer de pulmão , sendo 18mil homens e 10 mil mulheres Ao final
do século XX, o câncer de pulmão se tornou uma das principais causas de morte
evitável.
O consumo de tabaco é o mais importante fator de
risco para o desenvolvimento de câncer de pulmão. Comparados com os não
fumantes, os tabagistas têm cerca de 20 a 30 vezes mais risco de desenvolver
câncer de pulmão.
Em geral, as taxas de incidência em um determinado
país refletem seu consumo de cigarros. (Estimativa/2010 – Incidência de Câncer
no Brasil – Inca – Ministério da Saúde).
Outras doenças relacionadas ao tabagismo:
• hipertensão arterial;
• aneurismas arteriais;
• úlcera do aparelho digestivo;
• infecções respiratórias;
• trombose vascular;
• osteoporose;
• catarata;
• impotência sexual no homem;
• infertilidade na mulher;
• menopausa precoce;
• complicações na gravidez;
Porém, ao parar d efumar, o risco de ter essas
doenças vai diminuindo gradativamente e o organismo do ex-fumante vai se
restabelecendo.
Quer parar de fumar
A pessoa que fuma fica dependente da nicotina.
Considerada uma droga bastante poderosa, a nicotina atua no sistema nervoso
central como a cocaína, heroína, álcool, com uma diferença: chega ao cérebro em
apenas 7 a 19 segundos. É normal, portanto, que, ao parar de fumar, os
primeiros dias sem cigarros sejam os mais difíceis, porém as dificuldades tendem
a ser menores a cada dia.
As estatísticas revelam que os fumantes comparados
aos não fumantes apresentam um risco:
• 10 vezes maior de adoecer de câncer de pulmão
• 5 vezes maior de sofrer infarto
• 5 vezes maior de sofrer de bronquite crônica e
enfisema pulmonar
• 2 vezes maior de sofrer derrame cerebral
Se parar de fumar agora...
• após 20 minutos sua pressão sangüínea e a
pulsação voltam ao normal
• após 2 horas não há mais nicotina no seu sangue
• após 8 horas o nível de oxigênio no sangue se
normaliza
• após 2 dias seu olfato já percebe melhor os
cheiros e seu paladar já degusta a comida melhor
• após 3 semanas a respiração fica mais fácil e a
circulação sanguínea melhora
• após 10 anos o risco de sofrer infarto do
coração será igual ao de quem nunca fumou, e o risco de desenvolver câncer de
pulmão cai à metade.
• após 20 anos o risco de desenvolver câncer de
pulmão será quase igual ao de quem nunca fumou.
Define-se tabagismo passivo como a inalação da
fumaça de derivados do tabaco (cigarro, charuto, cigarrilhas, cachimbo e outros
produtores de fumaça) por indivíduos não-fumantes, que convivem com fumantes em
ambientes fechados. A fumaça dos derivados do tabaco em ambientes fechados é
denominada poluição tabagística ambiental (PTA) e, segundo a Organização
Mundial de Saúde (OMS), torna-se ainda mais grave em ambientes fechados. O
tabagismo passivo é a 3ª maior causa de morte evitável no mundo, subseqüente ao
tabagismo ativo e ao consumo excessivo de álcool (IARC, 1987; Surgeon General,
1986; Glantz, 1995).
O ar poluído contém, em média, três vezes mais
nicotina, três vezes mais monóxido de carbono, e até cinqüenta vezes mais
substâncias cancerígenas do que a fumaça que entra pela boca do fumante depois
de passar pelo filtro do cigarro.
A absorção da fumaça do cigarro por aqueles que
convivem em ambientes fechados com fumantes causa:
1 - Em adultos não-fumantes:
• Maior risco de doença por causa do tabagismo,
proporcionalmente ao tempo de exposição à fumaça;
• Um risco 30% maior de câncer de pulmão e 24%
maior de infarto do coração do que os não-fumantes que não se expõem.
2 - Em crianças:
• Maior freqüência de resfriados e infecções do
ouvido médio;
• Risco maior de doenças respiratórias como
pneumonia, bronquites e exarcebação da asma.
3 - Em bebês:
• Um risco 5 vezes maior de morrerem subitamente
sem uma causa aparente (Síndrome da Morte Súbita Infantil);
• Maior risco de doenças pulmonares até 1 ano de
idade, proporcionalmente ao número de fumantes em casa.
Fumantes passivos também sofrem os efeitos
imediatos da poluição tabagística ambiental, tais como, irritação nos olhos,
manifestações nasais, tosse, cefaléia, aumento de problemas alérgicos,
principalmente das vias respiratórias e aumento dos problemas cardíacos,
principalmente elevação da pressão arterial e angina (dor no peito). Outros
efeitos a médio e longo prazo são a redução da capacidade funcional
respiratória (o quanto o pulmão é capaz de exercer a sua função), aumento do
risco de ter aterosclerose e aumento do número de infecções respiratórias em
crianças.
Os dois componentes principais da poluição
tabagística ambiental (PTA) são a fumaça exalada pelo fumante (corrente
primária) e a fumaça que sai da ponta do cigarro (corrente secundária). Sendo,
esta última o principal componente da PTA, pois em 96% do tempo total da queima
dos derivados do tabaco ela é formada. Porém, algumas substâncias, como
nicotina, monóxido de carbono, amônia, benzeno, nitrosaminas e outros
carcinógenos podem ser encontradas em quantidades mais elevadas. Isto porque
não são filtradas e devido ao fato de que os cigarros queimam em baixa
temperatura, tornando a combustão incompleta (IARC, 1987). Em uma análise feita
pelo INCA, em 1996, em cinco marcas de cigarros comercializados no Brasil,
verificou-se níveis duas 2 vezes maiores de alcatrão, 4,5 vezes maiores de
nicotina e 3,7 vezes maiores de monóxido de carbono na fumaça que sai da ponta
do cigarro do que na fumaça exalada pelo fumante. Os níveis de amônia na
corrente secundária chegaram a ser 791 vezes superior que na corrente primária.
A amônia alcaliniza a fumaça do cigarro, contribuindo assim para uma maior
absorção de nicotina pelos fumantes, tornando-os mais dependentes da droga e é,
também, o principal componente irritante da fumaça do tabaco (Ministério da
Saúde, 1996).
Jovens e mulheres na mira da indústria do tabaco
A promoção e o marketing de produtos derivados do
tabaco junto ao público jovem são essenciais para que a indústria do fumo
consiga manter e expandir suas vendas. O tabaco é a segunda droga mais
consumida entre os jovens, no mundo e no Brasil, e isso se deve às facilidades
e estímulos para obtenção do produto, entre eles o baixo custo. A isto somam-se
a promoção e publicidade, que associam o tabaco às imagens de beleza, sucesso,
liberdade, poder, inteligência e outros atributos desejados especialmente pelos
jovens. A divulgação dessas idéias ao longo dos anos, e o desconhecimento dos
graves prejuízos causados à saúde pelo tabaco, tornou o hábito de fumar um
comportamento socialmente aceitável. A prova disso é que 90% dos fumantes
começam a fumar antes dos 19 anos de idade. Seduzir os jovens faz parte de uma
estratégia adotada por todas as companhias de tabaco visando substituir os que
deixam de fumar ou morrem, por outros consumidores que serão aqueles regulares
de amanhã.
Nos arquivos secretos oriundos de documentos
internos de grandes empresas transnacionais do tabaco, finalmente revelados
durante uma ação judicial movida contra elas por estados norte-americanos
crianças e jovens são descritos como "reservas de reabastecimento" e
um dos principais alvos estratégicos, devendo se tornar dependentes do cigarro
ainda cedo. Além disso, os documentos comprovam que, apesar de a indústria do
tabaco se posicionar publicamente de uma forma, suas verdadeiras intenções são
completamente opostas. Veja alguns exemplos:
"Eles representam o negócio de cigarros
amanhã. À medida que o grupo etário de 14 a 24 anos amadurece, ele se tornará a
parte chave do volume total de cigarros, no mínimo pelos próximos 25
anos."
J.
W. Hind, R.J. Reynolds Tobacco, internal memorandum, 23rd January 1975
"Atingir o jovem pode ser mais eficiente
mesmo que o custo para atingí-los seja maior, porque eles estão desejando
experimentar, eles têm mais influência sobre os outros da sua idade do que eles
terão mais tarde, e porque eles são muito mais leais à sua primeira
marca."
Após a divulgação desses documentos e
principalmente dos recentes avanços alcançados pela saúde pública no controle
do tabagismo, a indústria fumígena passou a adotar estratégias na tentativa de
reconstruir sua imagem junto ao público, e dar a impressão de que é contra o
consumo de tabaco entre os jovens. Promove medidas supostamente dirigidas para
prevenir o tabagismo entre menores de idade, criando campanhas e utilizando a
idéia de que "fumar é para adultos". Porém, na verdade, ao apresentar
o cigarro como "adulto" e "proibido", essas companhias
buscam colocar sutilmente um importante ingrediente para reforçar o comportamento
rebelde do adolescente, pois entre as principais motivações para o adolescente
fumar estão o desejo de se afirmar como adulto, sua rebeldia e a rejeição dos
valores dos seus pais.
Essas estratégias funcionam de forma favorável aos
interesses econômicos da indústria do tabaco. São estratégias contraditórias,
pois estimulam o interesse dos jovens para fumar, aumentam o consumo neste
segmento e beneficiam o setor tabageiro. O Estudo Global do Tabagismo entre os
Jovens, realizado pela OMS em 46 países, revelou um quadro alarmante de
dependência prematura. Em algumas áreas da Polônia, de Zimbábue e da China,
crianças de 10 anos de idade já estão dependentes do tabaco. Os adolescentes
globalizados em Nova Iorque, Lagos e Pequim são vistos como alvos fáceis pelas
multinacionais do tabaco. Tendo em vista que as marcas globais são veiculadas
na propaganda como um estilo de vida a ser almejado, elas tendem a ser
consumidas em larga escala, levando metade de seus usuários habituais à morte.
No entanto, apesar de todas as estratégias da
indústria tabageira e a falta de compromisso com a saúde, tem prevalecido o bom
senso da população, e as pesquisas têm demonstrado isso de através de dados
como:
- No Brasil este mesmo estudo foi realizado nos
anos de 2002 e 2003 entre escolares de 12 capitais brasileiras e encontrou uma
prevalência de experimentação variando de 36 a 58% no sexo masculino e de 31 a
55% no sexo feminino, entre as cidades.
- Atualmente, de acordo com o mesmo estudo
brasileiro, a prevalência de escolares fumantes variou de 11 a 27% no sexo
masculino e 9 a 24% no feminino.
Tabagismo feminino
Historicamente a mulher ingressou no tabagismo
depois que o homem. Mas a partir do século XX houve um incremento na
prevalência de mulheres fumantes. A nova inserção da mulher na sociedade nas
últimas décadas tem trazido avanços no sentido de torná-la mais feliz com seu
papel e conquistas, mas alguns custos são resultantes desse avanço. O uso de
cigarros é um deles, e tem sido manipulado como símbolo de emancipação social
da mulher.
“As mulheres estão adotando papéis mais dominantes
na sociedade; elas têm aumentado o poder de consumo; elas vivem mais do que os
homens. E de acordo com o que um recente relatório oficial mostrou, mulheres
parecem ser menos influenciadas por campanhas contra o tabagismo do que os
homens. Tudo isso faz das mulheres um alvo de primeira.Dessa forma, apesar das
dúvidas anteriores, podemos deixar de considerar agora um ataque mais definido
sobre esse importante segmento de mercado representado por fumantes do sexo
feminino?” (Tobacco Report, 1982)
A Falsa Crença dos Cigarros “light”
A publicidade da indústria do tabaco, direcionada
ao público feminino, estimulando o uso de cigarro “light”, “slim”, tem como
objetivo estabelecer na mulher a crença de que esse tipo de cigarro é menos
prejudicial à saúde. Isso é particularmente preocupante, na medida em que
compromete a percepção do real risco ao qual está exposta, dando a falsa
impressão que está diante de um produto que oferece menos danos à saúde.
Impacto do tabagismo na saúde da mulher
As principais causas de morte na população
feminina hoje são, em primeiro lugar, as cardiovasculares (infarto agudo do
miocárdio e acidente vascular encefálico); em segundo, as neoplasias – mama,
pulmão e colo de útero; e, em terceiro, as doenças respiratórias. É possível
perceber que as três causas podem estar relacionadas ao tabagismo, sendo que o
câncer responsável pela maioria das mortes femininas (mama) já foi ultrapassado
em incidência pelo de pulmão entre mulheres em diversos países desenvolvidos.
Dados sobre o impacto do tabagismo para a saúde da
mulher
1. O risco de infarto do miocárdio, embolia
pulmonar e tromboflebite em mulheres jovens que usam anticoncepcionais orais e
fumam chega a ser 10 vezes maior que o das que não fumam e usam este método de
controle da natalidade.
2. Mulheres fumantes de dois ou mais maços de
cigarros por dia têm 20 vezes mais chances de morrer de câncer de pulmão do que
mulheres que não fumam.
3. As mulheres têm risco maior de ter câncer de
pulmão com exposições menores do que os homens. Adenocarcinomas ocorrem mais em
mulheres fumantes do que em homens, e estão associados ao modo diferenciado de
fumar (inalação profunda) e ou produtos voltados para a mulher.
4. Calcula-se que o tabagismo seja responsável por
40% dos óbitos nas mulheres com menos de 65 anos e por 10% das mortes por
doença coronariana nas mulheres com mais de 65 anos.
5. Mulheres fumantes que não usam métodos
contraceptivos hormonais reduzem a taxa de fertilidade de 75% para 57%, devido
ao efeito causado pelas taxas de concentração de nicotina no ovário.
6. As fumantes que fazem uso de contraceptivos
orais apresentam risco para doenças do sistema circulatório, aumentando em 39%
as chances de desenvolver doenças coronarianas e 22 % a de acidentes vasculares
cerebrais.
7. Fumar durante a gravidez traz sérios riscos.
Abortos espontâneos, nascimentos prematuros, bebês de baixo peso, mortes fetais
e de recém-nascidos, complicações com a placenta e episódios de hemorragia
(sangramento) ocorrem mais frequentemente quando a grávida é fumante. Tais
problemas se devem, principalmente, aos efeitos do monóxido de carbono e da
nicotina exercidos sobre o feto, após a absorção pelo organismo materno.
8. Entre as mulheres que convivem com fumantes,
principalmente seus maridos, há um risco 30% maior de desenvolver câncer de
pulmão em relação àquelas cujos maridos não fumam.
9. Uma vez abandonado o cigarro, o risco de doença
cardíaca começa a decair. Após 1 ano, o risco reduz à metade, e após 10 anos
atinge o mesmo nível daqueles que nunca fumaram.
Tabagismo no mundo
O tabagismo é considerado pela Organização Mundial
da Saúde (OMS) a principal causa de morte evitável em todo o mundo. A OMS
estima que um terço da população mundial adulta, isto é, 1 bilhão e 200 milhões
de pessoas (entre as quais 200 milhões de mulheres), sejam fumantes. Pesquisas
comprovam que aproximadamente 47% de toda a população masculina e 12% da
população feminina no mundo fumam. Enquanto nos países em desenvolvimento os
fumantes constituem 48% da população masculina e 7% da população feminina, nos
países desenvolvidos a participação das mulheres mais do que triplica: 42% dos
homens e 24% das mulheres têm o comportamento de fumar.
O total de mortes devido ao uso do tabaco atingiu
a cifra de 4,9 milhões de mortes anuais, o que corresponde a mais de 10 mil
mortes por dia. Caso as atuais tendências de expansão do seu consumo sejam
mantidas, esses números aumentarão para 10 milhões de mortes anuais por volta
do ano 2030, sendo metade delas em indivíduos em idade produtiva (entre 35 e 69
anos) (WHO, 2003).
O INCA desenvolve papel importante como Centro
Colaborador da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o Programa "Tabaco
ou Saúde" na América Latina, cujo objetivo é estimular e apoiar políticas
e atividades controle do tabagismo nessa região, e no apoio à elaboração da
Convenção Quadro para o Controle do Tabaco, idealizada pela OMS para
estabelecer padrões de controle do tabagismo em todo o mundo.
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